Archive for novembro 2013

Uma seleção de eliminados

Suécia, Dinamarca, Ucrânia, Sérvia, Polônia, República Tcheca, País de Gales, Turquia, Eslováquia, Eslovênia, Islândia, Montenegro, Venezuela, Peru, Senegal e etc, tem algo em comum, certo? Todas essas seleções ficarão de fora da Copa de 2014.

Entretanto, muitas dessas seleções possuem jogadores de alto nível e que vão fazer falta no mundial. Alguns deles, como o Ibrahimovic, Bale, Lewandowski e Petr Cech, logo são lembrados quando falamos das ausências. Porém, existem mais jogadores de qualidade e que não disputarão a Copa no Brasil do que se pode imaginar. A maioria desses renegados vêm, obviamente, da Europa.

No entanto, imagine se fosse possível criar uma "federação" de craques que foram eliminados na fase qualificatória para que eles tivessem a oportunidade de disputar a Copa do Mundo. Seria lindo ver Ibrahimovic, Lewandowski e Bale, que dificilmente vão ter oportunidades futuras de jogar uma competição dessa magnitude, jogando aqui no Brasil.

A propósito,  Bale e Lewandowski têm a grande chance de se tornarem versões atualizadas de outros craques, tipo o Giggs, conterrâneo de Bale, ou como o Di Stéfano e o George Best, que eram reconhecidamente grandes jogadores, e que nunca tiveram a chance de disputar um Mundial.

Em 2014, cada um dos 32 países que se classificaram para a Copa vão exibir a lista dos 23 convocados que vão desembarcar em terras brasilis. Seguindo essa premissa, além do sonho de ver esses "esquecidos", vamos convocar a seleção dos eliminados:

Goleiros: Petr Cech (Chelsea/República Tcheca), Samir Handanovic (Inter de Milão/Eslovênia) e Andreas Isaksson (Kasimpasa/Suécia).

Laterais: Lukasz Piszczek (Borussia Dortmund/Polônia), David Alaba (Bayern de Munique/Áustria), Aleksandar Kolarov (Manchester City/Sérvia) e Branislav Ivanovic (Chelsea/Sérvia).

Zagueiros: Neven Subotic (Borussia Dortmund/Sérvia), Nemanja Vidic (Manchester United/Sérvia), Fernando Amorebieta (Fulham/Venezuela) e Martin Skrtel (Liverpool/Eslováquia).

Meias: Nuri Sahin (Borussia Dortmund/Turquia), Josip Ilicic (Fiorentina/Eslovênia), Marek Hamsik (Napoli/Eslováquia), Arda Turan (Atlético Madrid/Turquia), Christian Eriksen (Tottenham/Dinamarca), Gylfi Sigurdsson (Tottenham/Islândia) e Gareth Bale (Real Madrid/País de Gales).

Atacantes: Zlatan Ibrahimovic (PSG/Suécia), Robert Lewandowski (Borussia Dortmund/Polônia), Stephan Jovetic (Manchester City/Montenegro), Papiss Cissé (Newcastle/Senegal) e Demba Ba (Chelsea/Senegal).


Escalação: O time ideal jogaria no 4-4-2, apesar da vocação ofensiva dos jogadores que "sobraram". O esquema seria formado por Cech, Vidic, Subotic, Piszczek e Kolarov; Nuri Sahin, Ilicic, Hamsik e Bale; Ibrahimovic e Lewandowski. Mesmo atuando como um ponta no Real Madrid, Bale está mais do que acostumado a jogar como meia-esquerda (o galês passou a maior parte de sua carreira nessa posição enquanto fora jogador do Tottenham). Além disso, Ibrahimovic e Lewandowski seriam incumbidos de uma movimentação constante para que Bale e Hamsik adentrem a grande área. 


Na formação tática do 4-4-2, o posicionamento de Ibrahimovic é o ás do baralho. O sueco jogaria mais recuado, bem ao estilo dos antigos pontas-de-lança da década de 1970/80.


Jogando num 4-3-3, onde o time ficaria ainda mais ofensivo, os renegados seriam dispostos de outra maneira, porém, com os mesmos jogadores da formação anterior. A mudança do 4-4-2 para o 4-3-3 é bastante sutil, e poderia ser uma saída exemplar para que o time fique mais ofensivo sem ao menos ter que substituir alguém. Seriam apenas três mudanças: Hamsik sai da ponta-direita e centraliza, enquanto o Ibrahimovic sai do lado esquerdo e abre um flanco na direita, dando opção para que Bale se aproxime mais do ataque no lado esquerdo. 
Na formação tática do 4-3-3, os volantes ficam um pouco mais recuados enquanto os laterais e o meia Hamsik teriam mais liberdade.

No entanto, se você prefere uma formação mais conservadora, e ao mesmo tempo incisiva, o time também pode jogar no famigerado 4-2-3-1. Porém, essa tática requer algumas mudanças para que o time não fique muito "kamikaze". A primeira seria a substituição de Pizszcek por um lateral mais contido na defesa, como é o caso do Ivanovic, além da entrada de Alaba, que tem mais poder de marcação e força física para apoiar ao ataque do que o Kolarov. No meio, teríamos a entrada de mais um meio-campista e a saída de um atacante, que nesse caso seria o Lewandowski (seria até bom para que o Ibrahimovic tivesse uma sombra de características semelhantes sentada no banco de reservas). E esse meia teria de ser um jogador de mobilidade pelas laterais, como é o caso do turco Arda Turan, que está desempenhando uma temporada espetacular pelo Atlético Madrid.

Na formação tática do 4-2-3-1, nota-se que o time fica mais distribuído no campinho.  A participação dos volantes nessa formação tática seria o truque secreto, pois nenhum deles dá chutão. Além deles, a interação entre Hamsik e Ibra pode dar muito certo, pois o eslovaco também sabe jogar de atacante.

Avaliando todas as possibilidades táticas e o plantel, nota-se que os renegados pela Copa seriam adversários fortíssimos (talvez a seleção mais forte). No entanto, a equipe sofreria com dois fatores preponderantes: a falta de um lateral-direito mais gabaritado e um volante mais pegador. De todos os times que ficaram de fora (e que tiveram a chance de emplacar algum jogador), nenhum possuía um jogador que se destacasse nessas posições. É logico que essas duas qualidades que estão em falta são questões de estilo, mas, numa Copa do Mundo é sempre necessário ter uma ampla gama de características.


Ordem dos países que cederiam jogadores:
Sérvia: 4 jogadores (Ivanovic, Kolarov, Subotic e Vidic)
Suécia: 2 jogadores (Isaksson e Ibrahimovic)
Eslovênia: 2 jogadores (Handanovic e Ilicic)
Eslováquia: 2 jogadores (Skrtel e Hamsik)
Polônia: 2 jogadores (Piszczek e Lewandowski)
Turquia: 2 jogadores (Sahin e Turan)
Senegal: 2 jogadores (Cissé e Demba Ba)
Dinamarca: 1 jogador (Eriksen)
República Tcheca: 1 jogador (Cech)
Montenegro: 1 jogador (Jovetic)
Venezuela: 1 jogador (Amorebieta)
Áustria: 1 jogador (Alaba)
Islândia: 1 jogador (Sigurdsson)
País de Gales: 1 jogador (Bale)

Curiosamente, o país que mais cederia jogadores (Sérvia) para a seleção dos renegados, apesar de todos eles serem de um mesmo setor, sequer conseguiu se classificar para a repescagem. Além da Sérvia, países como Eslovênia, Eslováquia, Áustria, Dinamarca, Polônia, Turquia, República Tcheca, Montenegro e País de Gales, também falharam ao chegar perto da repescagem.


Renegados pelos renegados:
A lista de bons jogadores que ficariam de fora da Copa é tão grande que alguns nomes de certa fama ficaram de fora, por exemplo: Dimitar Berbatov (Fulham/Bulgária), Daniel Agger (Liverpool/Dinamarca), Mirko Vucinic (Juventus/Montenegro), Jakub Blaszczykowski "Kuba" (Borussia Dortmund/Polônia), Wojciech Szczesny (Arsenal/Polônia), John Riise (Fulham/Noruega), Hamit Altintop (Galatasaray/Turquia), Burak Yilmaz (Galatasaray/Turquia), Adrian Mutu (Ajaccio/Romênia), Viktor Fischer (Ajax/Dinamarca), Andriy Yarmolenko (Dynamo Kiev/Ucrânia), Yevhen Konoplyanka (Dnipro/Ucrânia), Anatoliy Tymoshchuk (Zenit/Ucrânia), Eidur Gudjohnsen (Club Brugge/Islândia), Kolbeinn Sigthórsson (Ajax/Islãndia), Niklas Moisander (Ajax/Finlândia), Thulani Serero (Ajax/África do Sul), Steven Pienaar (Everton/África do Sul), Emmanuel Adebayor (Tottenham/Togo), Momo Sissoko (PSG/Mali), Oscar Cardozo (Benfica/Paraguai), Juan Arango (Borussia Monchengladbach/Venezuela), Jefferson Farfán (Schalke 04/Peru), Claudio Pizarro (Bayern de Munique/Peru), Mohamed Aboutrika (Al Ahly/ Egito) e Moussa Sow (Fenerbahce/Senegal).

Nem Freud explica

O pai da psicanálise, Sigmund Freud, é responsável pelas maiores teorias e definições comportamentais do ser humano. Foi ele quem definiu parâmetros e verdades que são aceitas e digeridas por quase todo mundo. Tudo tem um motivo, tudo tem uma explicação. Freud sabe tudo. Ou quase...

Por que quase o mundo inteiro, e não TODO mundo, se o médico tcheco revolucionou o estudo da neurologia? Bom, é aí que se encaixa o título deste texto. Existe um povo, os irlandeses (sempre eles), que são considerados imunes à psicanálise. Quem cunhou essa afirmação foi o próprio Freud. Daí surgiu a expressão "nem Freud explica".

Existem aqueles que enxergam xenofobismo na declaração do psicanalista. Outros, mais lúcidos, encaram com bom humor a constatação do médico. O fato é que os irlandeses são complicados e gostam de complicar as coisas simples da vida. Afinal, quem é que consegue traduzir Ulisses, sucesso de James Joyce, para qualquer outra língua que não seja o inglês?

E o que isso tem a ver com futebol? Na realidade, isso vai além do futebol. Hoje, dia 1° de novembro, é o aniversário de fundação do Esporte Clube Taubaté. O Burro da Central completa 99 anos de existência. Poucos clubes do interior do Estado de São Paulo conseguiram tal façanha, ainda mais nesses tempos em que clubes artificiais ganham mais apoio da própria Federação Paulista e carinho dos empresários em detrimento de clubes tradicionais e de torcida fanática.

Entretanto, isso não será uma narração épica dos 99 anos de existência do maior clube do Vale do Paraíba. Também não será uma dissertação sobre o quanto é legal ir ao estádio, ou sobre os jogos incríveis que já presenciei. Trata-se de um desabafo.

Se você não conhece a cidade de Taubaté, acredite, você não sabe o que é um paradoxo. Aqui é o berço de Monteiro Lobato, Hebe Camargo, Cid Moreira e Renato Teixeira. É em Taubaté que você vai provar o melhor lanche de carrinho do Brasil. Somente aqui que você vai encontrar um sotaque que mistura o caipira com o maloca. É nessa cidade que uma mulher forjou a gravidez de trigêmeos. Foi na "Capital da Literatura Infantil" que o prefeito foi preso, cassado e depois continuou o seu mandado impunemente. O melhor hotel fazenda do país é taubateano. A Fêgo Camargo, por muito tempo, fora considerada uma das grandes escolas do país. O município de Taubaté fora uma das primeiras cidades do Brasil à abolir a escravidão.

Entretanto, em meio a grandes história, não importa por qual lado você entre em Taubaté, a primeira placa da cidade vai te alertar sobre o que mais interessa ao taubateano: o E.C. Taubaté. Não tem como escapar, ainda mais se você não gosta de futebol. Em meio a tantas celebridades notáveis e outras tão inescrupulosas, passando por tradições desnecessárias e abandono público, a cidade de Taubaté, assim como o clube, sobrevive. Porém, ela sobrevive pacatamente, tão morosa quanto o Jeca Tatu. Resumindo: não tem como não saber sobre Taubaté.

Porém, o que espanta é que Taubaté - tanto o clube quanto a cidade - esqueceu o tamanho da sua grandeza. O azul da bandeira parece desbotar em contraste com o céu sempre cerúleo dessa cidade. Eu sei que é difícil carregar a chaga de um passado tão potente, mas nunca se pode perder a personalidade. Atire a primeira pedra aquele taubateano que nunca ouviu uma história sequer sobre esse clube. Ou sobre suas façanhas. É impossível, todos os taubateanos sabem alguma coisa sobre o passado do clube! Existem muitos torcedores que se acham donos do clube, ou que se acha melhor torcedor que qualquer outro homem/mulher comum que vai aos jogos do alvi-azul no Joaquinzão. Isso é bom, mostra que o ego ainda persiste na alma calejada de uma torcida que já se acostumou com apedrejamentos.

Apesar disso, é triste ver o quanto a malícia deixou de existir por aqui. Deixamos de ser uma pedra no sapato para ser um objeto de chacota. O histórico de abordagens audaciosas, declarações furiosas e atitudes de respeito foram substituídas por melismas, floreios e auto-piedade. De oportunidade à favor. De burro para jumento. O clube foi acompanhando a cidade num declínio vertiginoso. É triste ver dois gigantes que carregam o mesmo nome se afundando numa poça de arrependimentos. A história, os moradores e os torcedores não merecem. Taubaté não nasceu para ser "bonzinho". Taubaté não nasceu para ser inocente. Taubaté é caipira. É lutador. Taubaté sabe se aproveitar das situações adversas transformando-as em algo positivo.

Freud se espantaria caso fosse incumbido de analisar o que se passa na cabeça de um taubateano. Não importa se o jogo é às 15h, numa quarta-feira de 35°, o taubateano vai faltar ao trabalho, vai encontrar com o seu encarregado de área na geral, vai pagar uma fortuna por um punhado de amendoim e vai lotar o Joaquinzão, pois ele sabe que o jogo é uma semi-final e o clube não pode ficar sem ele. O torcedor, mesmo sabendo que a chance do time sofrer com a arbitragem é enorme - já que o "chefe" dos apitadores é um taubateano que faz questão de dar o recado a qualquer diretoria que esteja comandando o Taubaté de que "eu guardo mágoas e eu não vou parar de me vingar enquanto o próprio Monteiro Lobato não sair da sua cova e vier me pedir desculpas pessoalmente" -, mas ele vai esquecer que nada dá certo ultimamente e vai torcer como sempre fora de costume por essas bandas. Ele vai dizer pro cara do lado: "Olha lá o trem passando, certeza que vai 'chamar o gol". Vai ficar puto da vida quando o juiz ignorar a marcação de impedimento pelo bandeira e vai se lembrar do taubateano que "fere" outros milhares de conterrâneos nessas horas vitais e sentenciará: "é sempre assim, meu filho". O doutor tcheco se espantaria ao ver que nem o Rei do futebol saiu daqui com vitória. Freud ficaria estupefato em saber que milhares de taubateanos saíram às 3h da manhã de suas casas e foram atrás do time, em solo adversário, com mais torcedores e barulho do que o mandante, e mesmo assim voltou derrotado.

O torcedor se flagela, se zanga, mas não abandona. O sentimento parece ser inabalável, mas o número de dissidentes aumenta a cada dia mais. É injusto julgar aquele que já abandonou o clube, ou aquele que já não acompanha como antigamente. Dá para entender, é feio, mas dá para entender. Afinal, todo mundo quer vencer e não só torcer. Só que um clube como o Taubaté não pode se dar a esse luxo, é preciso ser competitivo sempre. Fazer valer a camisa sempre!

O Taubaté é Taino, um baixinho parrudo e encrenqueiro que nunca fugiu de uma briga. O Taubaté é Joaquim de Moraes Filho, um negociador implacável que não fica sentado na janela esperando o cheiro da primavera. O Taubaté é Hugo, que era tão habilidoso quanto era sério. O Taubaté é a alegria de uma cidade de 300 mil habitantes. O Burro da Central não pode esquecer quem ele é, a bandeira não pode desbotar. Se nem Freud explica os irlandeses, o que diria ele sobre nós, um bando de caipiras orgulhosos? O orgulho tem que voltar a falar alto, pois o centenário bate à porta e ninguém vive mais a sua cultura do que o taubateano. O caipira de 99 anos já cansou de roer o osso, já está na hora dele começar a degustar do banquete que ele tanto merece!


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