Postado Por : TramaFC 8.5.13

Frank de Boer, Dennis Bergkamp e Marc Overmars. Parece que o assunto é o Ajax da década de 1990, certo? Nem tanto! Os fãs da Laranja Mecânica também guardam esses três nomes no coração e na memória. No entanto, a memória pode ser refrescada vendo esses três craques ajudando o Ajax novamente, porém, fora de campo.

O lendário ex-zagueiro holandês e ícone do Ajax, Frank de Boer, é o atual treinador da equipe que conquistou o tricampeonato da Eredivisie neste domingo (6), e responsável direto pelo modo despojado de jogar e pela nova fase do maior clube holandês. Zagueiro de muita técnica, de Boer assumiu o Ajax na temporada 2010/2011, após início inconstante do seu predecessor, Martin Jol.

Já o magnifico ex-atacante do Ajax, Arsenal e seleção holandesa, Dennis Bergkamp, é o auxiliar-técnico da equipe que o revelou. Bergkamp está no Ajax desde 2011, e assumiu o cargo após um pedido de Frank de Boer. Enquanto jogadores, Bergkamp e de Boer jogaram juntos por cinco anos e conquistaram apenas três títulos juntos: Eredivisie (1989/90), Taça da Holanda (1992/93) e Europa League (1991/92).

Revelado pelo Go Ahead Eagles, e contratado pelo Ajax em 1992, onde fora ídolo até sair para o Arsenal em 1997, Marc Overmars era um insinuante e habilidoso ponta-esquerda dos tempos áureos do clube holandês na década de 1990. Hoje, Overmars é o diretor-esportivo do clube (assumiu o cargo de Louis Van Gaal, ex-técnico do Ajax, Holanda e Bayern de Munique).

Entretanto, a maior contribuição do trio para o clube que lhes projetou para o futebol mundial não foi justamente o peso de seus nomes, e sim o seu conhecimento tático sobre o jogo. De Boer, como citado anteriormente, assumiu o Ajax com uma temporada em andamento. Porém, antes de ser convidado para assumir o cargo de manager, Frank era o treinador do Ajax B. Ou seja, a maioria dos jogadores que hoje são titulares do Ajax já passaram pela mão do ex-zagueiro. Casos como o de Christian Eriksen, Siem de Jong e Daley Blind. Bergkamp fora auxiliar-técnico de Bert van Marwijk na seleção holandesa e treinador do Ajax Sub-19 antes de aceitar o convite de de Boer. Já Marc Overmars entrou pra diretoria nessa temporada com a missão de ampliar ainda mais a filosofia noventista que tanto deu certo.

Sabendo do elenco que tinha em mãos, e sabendo também das condições financeiras do clube, a diretoria do Ajax não exitou em promover um iconoclasta para ser um "Guardiola 2" de um gigante à deriva. De Boer sabia que precisava chacoalhar o gigante holandês. E o fez.

Assim que assumiu a equipe, de Boer disse que resgataria o futebol de outrora com muito afinco. Aos poucos o Ajax foi se despedindo do futebol monocromático que praticava antes de Frank de Boer para o futebol audacioso que vemos em campo hoje. A missão era clara: reimplantar o estilo clássico holandês de jogar futebol, que fora perpetuado pelo próprio Ajax de Johan Cruyff, e utilizando jovens talentos.

O que mais chama atenção nesse Ajax tricampeão (a última vez que isso aconteceu foi na década de 1990, com Frank de Boer como capitão), é o quão rápido as coisas estão andando por lá. De Boer conseguiu transformar um elenco, que tem média de 22 anos de idade, numa máquina onde todos os jogadores do meio para a frente sabem jogar em alto nível. Esse resultado aconteceu em apenas três temporadas.

Os trunfos do Ajax, além do triunvirato, são as duplas de armadores que possui: Christian Eriksen e Siem de Jong. O primeiro é dinamarquês e tem apenas 21 anos. O segundo é holandês e tem 24 anos. Eriksen é o jogador que mais deu assistências na temporada: 16. De Jong é o que mais fez gols pelo Ajax: 12. Existem rumores de que Eriksen pode trocar o Ajax pelo PSG, Barcelona ou Manchester City. Enquanto isso, de Jong é especulado no Manchester United e no Arsenal.

Falando em transferências, eis o motivo da grande decadência do futebol dos Joden (Judeus). Graças à Lei Bosman, que desmantelou o estrangeirismo entre os jogadores da União Europeia, muitos clubes com orçamento maior que do Ajax recorrem ao plantel holandês para se reforçar.

Alguns exemplos dessa debandada de jogadores são: Wesley Sneijder, Rafael van der Vaart, Luis Suarez, Marten Stekelenburg, Klaas-Jan Huntelaar, Thomas Vermaelen, Gregory van der Wiel, Jan Vertonghen e Urby Emanuelson. Infelizmente, devido à forte concorrência com os petrodólares e do dinheiro de estatais soviéticas, o Ajax virou coadjuvante na Europa - e por um período de seis anos, entre 2004 e 2010, também na Holanda-, como não era de costume em 1995, data de seu último brilho continental.

À margem desse problema, o Ajax encontra a sua salvação nas citadas jovens promessas. Muitos desses jogadores chegam de suas filiais na Africa do Sul e no Suriname. Além das filiais, o clube holandês realiza torneios com o nome do patrocinador master para ampliar o seu scouting de jogadores de outros países (especialmente da região escandinava). Papel esse que Marc Overmars realiza com maestria.

Percebendo que não tem como lutar contra o sistema, os Judeus resolveram elaborar uma saída que lhes garantisse uma sobrevivência no futebol. O clube revela muitos jogadores, e depois os vendem por um alto preço para gerar lucro. Esse dinheiro é utilizado para se reforçar pontualmente e também para sanar os déficits da temporada.

Orbitando nesse contexto, Frank de Boer e Dennis Bergkamp vão construindo uma equipe competitiva nacionalmente, e franco atiradora continentalmente. O Ajax, hoje, é um clube que joga pra frente, atacando o máximo que pode e defendendo em bloco.

De Boer montou o seu time no multifacetado 4-2-3-1, que vira 4-4-2 em situações de contenção, e um 4-3-3 quando o gol é obrigação. Com velocidade, o foco da equipe se sobrepõe no dinamarquês Eriksen pela meia-direita (no 4-4-2 ele fecha como terceiro homem de meio campo, num losango. No 4-3-3 ele é o único armador), de Jong fica centralizado, com liberdade para penetrar na defesa adversária, e Viktor Fischer fecha na meia-esquerda. Sigthórsson, único atacante de área, faz a parede, apesar de ser um jogador de porte físico moderado.

O papel de Viktor Fischer, jovem dinamarquês de 18 anos, começou a chamar a atenção nessa temporada devido à sua grande habilidade com a bola nos pés e de sua velocidade de raciocínio. O jeito de jogar de Viktor Fischer lembra muito o jeito de Marc Overmars na década de 1990.

Ofensivamente o Ajax é potente, porém, defensivamente o clube chega a desejar. O título desta temporada só não veio antes devido à despreocupação com a marcação. Chega a ser irônico um time que é comandado por um zagueiro, que fora excelente no passado, tomar tantos gols por erros de marcação. A promissora dupla de zaga do Ajax, Toby Alderweireld e Niklas Moisander, é consistente. O detalhe é que os gols sofridos pelo time são somados pela desatenção dos laterais, que apoiam muito, ao desguarnecimento pela lentidão dos zagueiros quando saem no combate (muitas vezes em desvantagem). Ricardo van Rhijn e Daley Blind (filho do lendário Danny Blind, do próprio Ajax, na década de 1990) são ótimos apoiadores e que possuem um pulmão invejável. No entanto, a falta de marcação dos dois jogadores acaba deixando a dupla de zaga com as calças na mão.

O próximo desafio de Frank de Boer, Dennis Bergkamp e Marc Overmars é desempenhar um papel de destaque na Champions League. Nesta temporada, o clube tem a desculpa de ter caído no grupo da morte, que contava com Borussia Dortmund (finalista), Real Madrid (semi-finalista) e Manchester City. Porém, nas duas últimas edições o clube não conseguiu sair da fase de grupos (coincidentemente sempre ficando com o terceiro posto). Talvez o grande problema dessa equipe na Champions seja a juventude e a falta de tarimba da maioria dos jogadores.

Mas, uma coisa é certa: de passado o Ajax entende. E foi no passado que o clube foi buscar a sua salvação. Porém, ao invés de repetir os erros crassos de contratar jogadores "gastos" dos clubes de maior poder financeiro, e de pagar uma fortuna em jogadores meia-bocas, os Joden encontraram em Frank de Boer, Dennis Bergkamp e Marc Overmars, um trio lendário da casa, para retomar as glórias de outrora, sem perder a sua característica.

Seria tudo mais fácil se os três pudessem entrar em campo, mas pelo andar da carruagem, coisas boas podem retornar ao clube que não cansa de vencer.

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